quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Presentes de Natal.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008
Quando eu era criança/adolescente passava os natais com a família. Ficávamos ao redor de uma mesa, comendo calados. Quando terminávamos, cada um ia para a sua cama e dormia. Nos meus primeiros anos com Jamie, passei uns comendo ao seu lado em algum restaurante caro, outros comendo sozinha enquanto ele supostamente trabalhava. Desde que comecei a morar sozinha, se não passei o natal com algum cliente, combrando mais caro, é claro, passei sozinha andando por aí.
Esse foi o meu primeiro natal no qual eu ganhei algum presente. Melissa. E mais alguns da família Nutz. De Nina um belo vestido para domingo --', de Maurício um cartão bem enfeitado dizendo "Te adoro tia Lúcia", de Ana nada, ela ainda é muito pequena, e de Nolan, além de seus olhares desejosos quando lhe dou as costas, um vestido de noite vermelho, aparentemente ele espera que um dia eu saia com ele usando-o --'.
Por conta de, às vezes, sentir certa inveja de Nina por tudo que ela conseguiu e eu não, certas horas me sinto superior por ter seu marido como meu admirador. Mas já está passando da conta. Um dia ele até tentou me agarrar quando estávamos sozinhos. Eu quase dei-lhe um tapa, mas no fundo, no fundo eu gostei. Nolan me deseja como mulher, não como prostituta. É isso que me atrai nele.
Disse para Nina que não poderia viajar para passar o Natal com a família por conta do trabalho e que ficaria com ela. Ele disse ter adorado a idéia, mas notei um tiquinho de contrariedade. Talvez ela quisesse ficar sozinha com a família. Juntas, preparamos a ceia enquanto Nolan e Maurício faziam as compras de natal e Melissa e Ana brincavam de boneca. Eu não tirava os olhos de minha sapequinha e por isso quase deixei um bolo queimar.
Depois de todos termos comido e trocado presentes, tirei a mesa e levei a louça para a pia da cozinha. No caminho de volta para a sala, entrei em um banheiro e encontrei nina enconstada na pia, chorando. Fechei a porta e tentei conversar com ela, tentei fazer com que ela me explicasse o motivo do choro. E depois de uns 20 minutos ela explicou. Seu casamento estava em decadência e ela não sabia o que fazer para dar vida de novo a tudo. Nolan não a olhava mais como mulher, só como mãe dos seus filhos. Eles brigavam bastante antes de dormir e ele não dava-lhe mais carinho. Senti um grande peso na consciência ao ouvir aquilo. Conversamos um pouco, eu disse para ela que era fase, ela parou de chorar depois de um tempo e foi lavar os pratos. De madrugada, quando todos dormiam... Nolan foi ao meu quarto dar o meu verdadeiro presente... me beijou, me deitou e eu não resisti. Esse foi o presente que dei à Nina, a nunca fora de moda traição.

1 comentários:

Lucas Xavier de Melo disse...

Essa personagem, às vezes, me surpreende. Ela quebra um preconceito existente em nós, de que pessoas desse tipo, assim como Vívian, são totalmente vazias por dentro. A profissão dela nos permite diversos preconceitos, que são quebrados ao conhecermos melhor essa personagem tão complexa e, ao mesmo tempo, dotada de uma simplicidade que não parece nem um pouco vinda de uma prostituta.
Prostituta essa que, depois de tanto conhecer o sexo, parece nada saber sobre o amor, e ainda se entrega àqueles que por ela, sentem algo.

"Esse foi o presente que dei à Nina, a nunca fora de moda traição."

 
Design by Pocket